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28 Junho

A arte em sintonia com a natureza

Há muitos artistas que se sentem atraídos pelo “washi” o papel artesanal japonês. A brasileira Eliana Anghinah é uma delas. No verão do ano passado, tive a oportunidade de conhecer Eliana no “Internacional Competition Tannan Art Festival” realizado anualmente na cidade de Takefu, província de Fukui, uma exposição aberta de Artes Plásticas Contemporânea. Há sempre um segmento especial, destinado aos artistas estrangeiros participantes deste festival e Eliana participava, juntamente com outros artistas brasileiros descendentes de japoneses.

A minha primeira impressão da obra de Eliana, foi “um pouco forte”.

É essa Eliana que está agora, preparando uma exposição individual no Japão, em Tokio. Recebi material sobre as obras que provavelmente vão compor esta exposição...

As obras continuam com o mesmo caráter daquelas que vi o ano passado, são trabalhos que tiram partido das texturas, com predominância da cor terra. Comparando estas obras com as dos artistas japoneses do mesmo gênero, posso afirmar que existe uma significativa diferença na maneira de preparar o papel. Ela não objetiva um acabamento sofisticado, como os artistas japoneses. Seu gesto espelha uma forma pura, natural e direta de preparar o papel. Os vegetais que servem de matéria prima são aproveitados integralmente assegurando assim que a “vida” e a “essência” das suas fibras sejam inteiramente conduzidas para o papel.

Uma arte em sintonia com a natureza. É essa a sensação que me atinge.

Nos trabalhos de Eliana há uma implícita coerência na ideia de que os vegetais que fornecem a matéria prima para os papéis provém da terra. Enfim, Terra, Flora e Homem constituem um sistema cíclico. Na sua obra, este conceito se traduz na incorporação da terra ao papel. A intenção é registrar a “vida da terra”, porque afinal as plantas dela sugam a água para viver. Em outras ocasiões, as superfícies constituídas por terra e fibras projetam sombras revelando texturas. O acúmulo destes fragmentos, através de uma outra ótica, nos conduz a imaginar a “fisionomia” infinita da Terra.

Este caráter se expressa em dimensões mais efetivas quando o desejo de criação de Eliana se sincroniza com a intenção cíclica da natureza.

 

Arata Tani

Crítico de arte

 

Tokyo Japan – abril 1997

 

 

ART IN TUNE WITH NATURE “(...) Her gesture mirrors a pure, natural and direct way of preparing the paper. The flexible tracing papers serving as raw matter are fully used thereby assuring “life” and the “essence” of their fibers to be wholly carried on to the paper. An art tune with Nature. This is the sensation the I have. There is in Eliana’s works an implicit coherence of the idea the flexible tracing papers providing the raw matter to the papers come from the earth. Finally, Earth-Flora and Man form a cyclic system. Such a concept is translated in her work into the incorporation of earth in paper. The intention is to register “earth life” because at last its plants such water to live. In other times the surfaces formed by earth and fibers project shadows an unveiling textures. The seem of these fragments from another view direct us to imagine the endless “face” of the Earth. All this assumes more effective dimension when Eliana’s creative desire synchronises with Nature’s cyclical intention” Tokyo April 1997 Arata Tani – art crirical

Última modificação em Segunda, 28 Junho 2021 19:39
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